quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Classes de Agility (Parte 1): Gamblers

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Vou começar uma série de posts aqui no BLOG explicando tudo sobre as diferentes classes no Agility americano. Acredite, são muitas. As opções são várias. Gamblers, Snooker, Pairs, Relay, Steeplechase, Speedstakes, Grand Prix, e por aí vai.

Vamos começar com o Gamblers!!!
O Gamblers se enquandra na categoria GAMES e é oferecido por duas federações, a USDAA e a UKI. Existem pequenas diferenças entre elas que explicarei abaixo. O Gamblers é um jogo simples de entender, diferente do Snooker que é bem mais complicado porém mais técnico. (falarei sobre o Snooker no próximo post)

O Gamblers é  dividido em duas partes: o Opening (abertura) e o Closing (fechamento)

Opening (abertura)
Na primeira parte do gamblers o condutor tem entre 20 e 30 segundos (a critério do juiz) para realizar o maior número de pontos. Cada obstáculo vale uma quantidade de pontos. Os que valem menos pontos são os saltos (1 ponto) e os que valem mais são Passarela e Slalon (5 pontos). A cada obstáculo completo de forma correta a dupla vai somando pontos. Não há refugos no Opening, porém existem faltas. Obstáculos com faltas valem 0 pontos.
Só é permitido fazer o mesmo obstáculo duas vezes no máximo.

Closing (fechamento)
Após o tempo do Opening soa uma buzina e o condutor tem que correr para a segunda parte da pista, que também tem o tempo definido pelo juiz, girando entre 10 e 20 segundos. Existe uma diferença entre USDAA e UKI nessa parte. A dupla deve terminar a segunda parte antes da segunda buzina ou será considerado um NO Gamblers

Abaixo alguns exemplos de Gamblers. Mapas e vídeos!


Figura 1 (Gamblers USDAA) CLIQUE PARA AMPLIAR


Na USDAA o closing é sempre uma parte do percurso que o condutor precisa fazer a distância. Existe uma linha demarcada no chão onde o condutor não pode ultrapassar. Ele precisa mandar o cão à distância. Veja a figura 1. Nesse percurso (gamblers com distância) na segunda parte do percurso o condutor precisa enviar o cão pela sequência 1-2-3-4 sem atravessar a linha pontilhada.

Figura 2 (Gamblers UKI) CLIQUE PARA AMPLIAR















Na UKI não é necessária a distância e o condutor sempre tem duas opções para fechar o Gamblers, uma que vale mais pontos (15 pontos) e outra que vale menos (10 pontos). Veja a figura 2. Nesse percurso (gamblers sem distância) o condutor pode escolher por fazer 3 tuneis + slalon por 15 pontos ou 2 tuneis + slalon por 10 pontos.








Se a dupla não completar a segunda parte corretamente ele não consegue o Zerado, ou seja, O Gamblers. Vence a dupla que fizer mais pontos e completar o Gamblers.


Abaixo dois vídeos de gamblers. Confira!

Vídeo 1: UKI (sem distância)
Nessa pista o fechamento são 4 tuneis! Após a buzina o condutor deve iniciar e terminar o Gamblers antes da segunda buzina.
Se o vídeo não abrir, clique no link e você poderá ver o vídeo no Youtube!



Vídeo 2: USDAA (com distância)
Nessa pista o fechamento é uma sequência de saltos onde o condutor não deve atravessar a faixa no chão! Após a buzina o condutor deve iniciar e terminar o Gamblers antes da segunda buzina.
Se o vídeo não abrir, clique no link e você poderá ver o vídeo no Youtube!












quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Agility: Esporte rural na América?

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Conversando com meu amigo Daniel Naka-mura lá no Brasil ele me disse que muitos amigos dele desanimam em praticar agility por causa da distância. Todos eles precisam dirigir muito para ir ao treino. Não só isso, mas também precisam dirigir muito para ir para provas.

Agility aqui é no Campo!
Estando ele em São Paulo, digo que isso é um problema de cidade grande. E é o mesmo por aqui na América. Agility aqui é esporte quase que rural. Você não vai encontrar escolas de Agility em cidades grandes. Isso é fácil de explicar. Agility precisa de espaço, área grandes. Pense no preço de aluguel em terrenos grandes em cidades como Nova Iorque, Chicago ou Miami. Além disso, quem é proprietário de terrenos como esses em cidades grandes faz muito mais dinheiro de outra forma.

Mesmo aqui em Orlando (que não é uma cidade grande), não tem escola de Agility e não há como pensar em abrir uma. É caro, muito caro! Decorrente disso, aqui também dirigimos muito para treinar e competir. talvez até mais que no Brasil. Provas estão espalhada pelo país inteiro e não é incomum as pessoas voarem para disputarem as provas mais importantes como Regionais e Nacionais.


Lembro de uma amigo brasileiro que viveu em Orlando por um breve momento e mesmo sendo figura carimbada nas provas brasileiras, por aqui quase nem competiu ou treinou em razão da distância.

Como o Agility pode se tornar mais popular?

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Sim, talvez eu não devesse estar escrevendo nada. Talvez eu não devesse nem sequer tocar nesse assunto e continuar vivendo minha vida da forma que venho vivendo nos últimos dois anos, quieto. Mas a experiência que adquiri nos últimos anos, as coisas que vi e a oportunidade de viver em um mundo diferente fora da bolha em que nós brasileiros vivemos dentro do agility brasileiro quase que me obrigam a dividir o que vou escrever abaixo.


Recentemente tive a oportunidade de ter uma conversa reveladora com um dos delegados de uma das federações de agility mais importantes dos Estados Unidos. Dentre os vários tópicos que discutimos, o que mais foi conversado foi como os Estados Unidos conseguiram tornar o Agility tão popular por aqui.
Os números não são precisos mas acredita-se que entre 40 e 50 mil pessoas pratiquem agility na América. Provas locais com 200 duplas são consideradas pequenas. Os torneios regionais e nacionais reunem um número inimaginável de cães. Em 2015 torneios nacionais como US Open e Cynosports reuniram respectivamente 700 e 1200 cães, disputando provas em 4 dias divididos em 4 pistas simultaneas. No Cynosports foram 5 pistas simultaneas. Conseguir uma vaga para representar os Estados Unidos em torneios internarcionais como WAO, Europeu e Mundial é algo muito dificil. Só na seletivas para o Europeu ano passado (que eu estive presente), eram mais de 200 cães brigando por poucas vagas. Imagina para o mundial.

Mas como isso é possível? E como ao longo dos anos os americanos conseguiram transformar um esporte canino em algo tão grande e rentável. Sim, o Agility aqui movimenta milhares para não dizer milhões de dólares anualmente, e vou exemplificar isso mais a frente.

Em primeiro lugar temos que levar dois fatores em consideração. Primeiro, o agility na América é bem mais antigo do que no Brasil. Enquanto o Brasil vivia os primórdios do esporte no final dos anos 1990 onde condutores corriam com seus cães na guia, na mesma época nos Estados Unidos já existiam ligas e torneios de Agility. Há registros de torneios de agility na América no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Esses 20 anos a mais de experiências, erros e acertos dão uma vantagem aos Estados Unidos no desenvolvimento do esporte.

Alguns vão dizer que o esporte na América é mais caro. Sim, é verdade. Para que vocês tenham uma idéia, estou gastando exatos 227 dólares com apenas um cão para ir disputar o US Open em Novembro. Sim, é muito dinheiro mas as pessoas precisam entender que aqui se faz também mais dinheiro portanto essa comparação é relativa. Por falar nisso, lembra o que eu citei acima sobre 700 cães ano passado disputando o US Open? Pois é, coloque uma média de 700 cães participando pagando em média 200 dólares e você terá uma idéia por cima de quanto dinheiro rola no Agility por aqui.

Mas a pergunta é: Como os Estados Unidos ao longo dos anos conseguiram fazer o Agility ser tão popular nos últimos 30 anos?

Esporte em local público?
A exemplo do Brasil, não existe um grande público nos campeonatos de Agility por aqui. Normalmente o público é composto pelos próprios competidores, parentes e amigos. Segundo esse delegado com quem eu conversei, os americanos aprenderam com a experência que levar o Agility para locais públicos não torna o esporte mais popular, tampouco traz mais competidores. Menos de 1% do público que vai a uma prova de agility se torna um competidor. Essa estratégia foi tentada exaustivamente por aqui. Ao longo dos anos foram gastos milhares de dólares para levar provas acontecendo junto com feiras, exposições ou outros eventos porém sempre com resultados ruins. O que se faz hoje, segundo esse delegado é o markenting que ele chamou “de dentro para fora”. Todo o investimento que precisa ser feito é feito no atual competidor, para que ele se sinta confortável e feliz nas provas. Isso inclui boas arenas, boas lanchonetes, banheiros limpos, hoteis bons e baratos ao redor, acesso fácil e muitas classes oferecidas nas provas. Quando um competidor está feliz com uma federação ele mesmo trará novos competidores. Pode parecer estranho, mas segundo ele desde que essa estratégia começou a ser usada o número de competidores começou a dobrar ano após ano. Coincidência? Talvez não!

Esporte para a maioria
Outro ponto importante explicado de forma incansavel por ele foi a questão de fazer o esporte direcionado para a maioria, sem deixar a minoria infeliz. Vamos explicar isso! Sendo bem claro aqui, os Estados Unidos é o país mais capitalista do mundo, por aqui se não é rentável acaba morrendo. Pode parecer meio ingrato mas funciona assim e ponto final. Segundo ele, cerca de 30% de todos os competidores do país pensam em disputar seletivas e competir em torneios internacionais. 70%, ou seja, a grande maioria, não pensa nisso. O que eles querem é disputar os torneios locais, regionais e nacionais. Torneios nacionais por aqui que muitas vezes põem no chinelo vários torneios internacionais. Baseado nisso, para quem deve ser o foco das provas??? Para o povão! Para o competidor comum.

Segundo esse delegado, o competidor que deseja ir para fora e representar o país no Mundial, Europeu, WAO tem uma importancia impar para o país, afinal ele irá representar o país e as coisas devem ser preparadas para isso. Mas a rentabilidade do esporte vem do povão, do competidor que gasta milhares de dólares por ano para competir nas provas locais. Por essa razão que a AKC, mesmo sendo responsável pelos times que vão ao Mundial e Europeu, ainda continua oferecendo pistas abertas e com grau de dificuldades muito baixo, para atrair ao competidor comum. É de lá que vem o dinheiro para custear viagens e as gigantescas provas nacionais. Ao mesmo tempo, as 3 maiores federações do país (AKC, USDAA e UKI) oferecem classes com pistas desafiadoras para os competidores que querem se preparar para torneios internacionais. Master Challenge, Master Series e agora a AKC Premier são alguns exemplos.

Lembra da rentabilidade? Da grana? Em uma mesma prova podem ser oferecidas 6 ou 7 classes diferentes divididas em 2, 3 ou 4 dias de provas. Classes regulares, games, toneios, pistas onde os competidores precisam bater o relógio, etc. Ou seja, em uma única prova um competidor pode entrar em pista até 16 vezes com o mesmo cão, 4 ou 5 pistas por dia. Ou seja, mais pistas é igual a mais dinheiro que é igual a mais investimento que é igual a mais competidores. É um círculo perfeito.

E ainda existe mais um detalhe que se tornou deveras eficiente nos Estados Unidos para se trazer mais competidores: as diferentes alturas de saltos. Na América são 7 alturas diferentes, porém com algumas recentes mudanças no ano que vem serão seis. Com apenas 3 alturas a FCI é uma federação extremamente seletiva, especialmente para dois tipos de cães: os bem pequenos e aqueles muito grandes para o midi porém muito pequenos para o Standard.

Pense em uma raça de cão. Qualquer uma. Acredite, por aqui existe uma altura de salto onde qualquer raça pode competir. Cães super pequenos pode saltar 10 cm, outros podem saltar 20cm. Os cães médios podem saltar 40cm ou 50cm e os cães grandes podem saltar 55cm ou 60cm. A altura de 65cm foi banida esse ano nos Estados Unidos.

Como ex dono de escola no Brasil eu presenciei dezenas de donos desistindo do esporte porque seus cães eram muito pequenos para o mini. Outros desanimaram de ir em provas porque seus cães saltavam tao bem o midi nos treinos mas nas provas oficiais teriam que encaram a altura STD. O que não apenas era frustrante por ver o sacrificio do cão em saltar tão alto, mas também por ter que encaram de frente os poderosos e mais competitivos cães que brigavam por vagas no mundial. Esse é outro fator interessante para se destacar. Na América nenhum cão grande é obrigado a saltar a altura máxima de 60cm. A altura máxima exigida para todos os cães grandes é de 55cm, ninguém que tenha um cão grande de qualquer raça precisa obrigatoriamente (com excessão da USDAA) competir no 60cm.
Mas então, quem compete no 60cm? Condutores que querem ir competir internacionalmente. Essa “regra não escrita” separa os condutores que querem competir fora em uma classe só para eles, enquanto todos os outros competidores (lembra da maioria?) permanecem saltando 55cm. Uma regra simples que motiva mais competidores a continuar competindo e não batendo de frente com condutores de ponta que sempre estão competindo pelas seletivas e buscando vagas em Mundiais, Europeus e WAOs.

Uma pequena contribuição pessoal. Desde que cheguei aqui sempre competi com meus cães no 60cm. Brown, meu Border Collie mais velho começou a ter problemas a saltar essa altura e eu estava decidido a parar de competir com ele. Graças as diferentes alturas pude colocá-lo para competir em uma das alturas intermediárias e ele renasceu. Ganhou o torneio Regional e foi vice-campeão nacional no US Open. Se não houvesse essa alternativa provavelmente eu teria parado de competir com ele. Ou seja, um competidor a menos igual a menos dinheiro no caixa das federações igual a menos investimento. Percebeu???

Esse longo relato é apenas para mostrar as pessoas que mudanças não são ruins. São importantes e responsáveis pela evolução em tudo em nossa vida. O esporte evolui assim como todo o resto. Você pode me criticar e entender esse meu relato como uma ofensa ou como: “VOCÊ ESTÁ ESCREVENDO ISSO PARA HUMILHAR NOSSO ESPORTE NO BRASIL. FIQUE QUIETO E NÃO SE INTROMETA”. Como eu já ouvi antes quando escrevi outras coisas sobre o Agility nos Estados Unidos. Se você pensa assim, ok, eu entendo porém lamento. Ou, você pode entender esse post como uma fonte de informação e usá-lo de forma positiva.
Obrigado por ter lido.