terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Provas de Agility: Clubes x Federações

Como funciona a organização de uma prova nos Estados Unidos? E o principal, como é a relação entre clubes (ou escolas) e as Federações? Quem é responsável pelo quê?

Funciona bem diferente do que no Brasil. Enquanto que no Brasil a CBA é responsável por todos os torneios oficiais de Agility no país, nos Estados Unidos as Federações assumem responsabilidades apenas por torneios nacionais e seletivas.

Todos os torneios locais e até mesmo os regionais são de inteira responsabilidade dos clubes. E isso inclui absolutamente tudo! Desde o local, infra-estrutura, obstáculos, contratação dos juízes, secretaria, pessoal de pista e tudo o mais. E para um clube realizar uma prova oficial não é nada difícil. As únicas exigências por parte das Federações é o tamanho da pista (quem nem precisa obrigatoriamente ser muito grande. Algo em torno de 100 square feet ou 30 metros quadrados), que os obstáculos tenham as alturas e tamanhos oficiais, e o pagamento de um % das inscrições que gira em torno de 20%. Ou seja, basicamente para uma prova ser oficial basta o clube repassar 20% da receita das inscrições. Todo o resto da receita é do clube.

Mas e quanto ao piso? A necessidade de lanchonete, banheiros? A localização? Ao Sistema? Ao pessoal que vai trabalhar? Honestamente as Federações nem se apegam a isso. É o sistema de “regulação do mercado por si só”. O que isso significa? Como a quantidade de provas por aqui é muito grande, se um clube oferecer uma prova que não é boa, ou seja, com piso ruim, obstáculos caindo aos pedaços, sem banheiros ou lanchonetes, espaço para estacionamento ou qualquer outro fator ruim, os condutores simplesmente não vão aparecer mais naquele local para competir.

O mercado se auto-regula. Quer sediar provas? Então ofereça algo bacana, porque senão será a sua última vez. Lembre-se que aqui existem provas todos os finais de semana, muitas vezes provas acontecendo no mesmo final de semana e os condutores tem a opção de escolher.

Quanto aos campeonatos nacionais ou seletivas, aí sim, é uma responsabilidade 100% das Federações que preparam e organizam durante todo o ano grandes eventos em arenas gigantes e infra-estrutura impecável recebendo condutores de todo o país.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Agility: Julgando e mudando prioridades!

Competir é a prioridade de qualquer pessoa que treina agility. Seja por diversão ou para de fato testar suas habilidades frente a outros competidores. Estar em uma prova de Agility é, para a grande maioria, o objetivo final. Poucos se contentam apenas em treinar e voltar para casa.

Os últimos dois anos foram bem bacanas para mim como competidor nos Estados Unidos. Conseguimos resultados respeitáveis e acabamos recebendo o reconhecimento de muitas pessoas ao redor do país. A terceira colocação no US Open de 2015 e o título regional Sudeste de 2016 foram o ápice. Mas, nosso desempenho caiu consideravelmente nos últimos seis meses e mesmo a respeitável nona colocação no US Open 2016 em Novembro acabou me mostrando que meus cães estão ficando velhos e isso é algo que eu vou ter que aprender a lidar. Brown está com 9 anos de idade e Jack Bauer indo para 8 anos de idade.

Mas a vida é engraçada e se minha preocupação era não ter nenhum cão competitivo para 2017 eis que o destino muda a direção da minha vida no Agility completamente. Comecei com a “brincadeira” de julgar provas de Agility nos Estados Unidos em 2015 quando me afiliei como juiz da UKI e recebi meu primeiro convite para julgar um pequeno torneio regional na Flórida.

Tunel Duplo: a experiência que deu certo
Mas como se destacar em um país com tantos juízes qualificados onde até a competição para ser convidado para julgar é enorme? Resolvi arriscar e comecei a desenvolver percursos ousados (porém sempre observando pontos importantes com ângulos e aproximações nos contatos). Brincar com túneis acabou se tornando minha marca registrada e os americanos adoraram a idéia, o que acabou culminando com a criação do “túnel duplo” (foto ao lado), que acabou virando minha assinatura em meus percursos. A galera pirou e rapidamente mais convites para julgar começaram a chegar.

Com notas muitos altas nas minhas avaliações, e recomendações por parte da coordenação da UKI não demorou muito para convites de outros Estados começarem a chegar, e lá fui eu visitando vários Estados americanos com tudo pago pelos clubes que arcavam com minhas despesas para que eu julgasse suas provas.

No segundo semestre de 2016 veio o convite para o maior desafio até então: julgar o primeiro torneio regional da UKI. A UKI Southeast CUP ou Torneio Regional Sudeste aconteceu nesse mês de janeiro em Brooksville na Flórida e foi um baita desafio, vencido com muito suor, frio, chuva, trabalho e finalizando com uma nota de avaliação muito alta. Vitória!

E se em 2017 provavelmente eu não terei cães competitivos, como disse anteriormente o universo escolheu o momento certo para isso, afinal eu estarei bem ocupado julgando. Até agora, já são 6 provas confirmadas, dentre elas provas na Philadelphia, Washington, Atlanta e é claro na Flórida. Ainda mais podem vir pois o prazo para o convite a juizes para as provas de 2017 ainda está aberto. Tudo isso irá culminar no provável maior desafio da minha carreira como juiz: julgar o US OPEN 2017, um dos maiores torneios nacionais de agility do país.


A vida é mesmo engraçada. Eu que tive a oportunidade de ser juiz de Agility no Brasil mas decidi não o fazer porque não me achava capacitado para isso. Acho que tudo tem seu tempo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Eu julguei a prova mais difícil da minha vida!!!

O mais dificil, fisica e metalmente exaustivo. A mais desafiadora prova de Agility que eu julguei na minha vida. Assim foi o Campeonato Regional Sudeste da UKI nesse final de semana em Brooksville na Flórida. E não apenas por estar julgando ao ar livre em uma temperatura de zero graus onde a máxima dos dois dias não passou dos 6 graus, ou pela chuva que castigou o sábado pela manhã e fez a sensação térmica que já era gélida muito pior quando suas roupas estão molhadas (mesmo com colete e calças a prova de água). Não! Isso eu tirei de letra.

Mas a pressão de estar alí, julgando algumas das melhores duplas do país (e algumas de outros países como Finlândia, já que os Europeus estão cada vez mais vindo aos Estados Unidos para as provas da UKI), em 13 pistas diferentes com condutores lutando por qualificações e pontos para o US Open e para o time que vai ao WAO, tornou minha tensão e preocupação interna muito maior. Afinal, será que as pistas estão boas? Será que os exercícios vão funcionar?

Em dois dias foram mais de 900 passagens que eu julguei, divididas em várias classes entre games, Master Series, Biathlon e provas de velocidade. E tudo deu certo! O resultado foi tão bom que eu fui convidado para julgar outras duas provas por donos de clubes que estavam alí presentes.

Como nos torneios regionais e nacionais não existem classes por nível de dificuldade (como Iniciantes, Grau 1, etc), e todos correm nas mesmas pistas, eu experimentei algo novo. Existiam muitas e muitas duplas correndo na mesma pista, ou seja, julgar por horas e horas uma porrada de cães na mesma pista. É estranho porque por alguns momentos você quase que entra no automático e se desliga do que está acontecendo. Parece um filme repetido na sua cabeça, o que pode ser bem complicado porque isso pode tirar sua atenção e foco no seu julgamento.

Uma das pistas, o Biathlon Jumping, eu acho que realmente não ficou boa e muitas duplas eliminaram em um salto onde uma mudança de ângulo poderia ter feito toda a diferença. Mas conversando com o responsável pela arbitragem da UKI na prova, segundo ele nada que me tire pontos e minha avaliação foi altíssima. Além de uma boa grana com o trabalho.


Até agora, são mais 4 provas confirmadas que eu julgarei em 2017: Philadelphia, Washington, Flórida e o US Open (MEDO!!!!!) em Novembro. Mas isso ainda pode mudar caso eu receba mais convites ainda.