quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Fim de ano movimentado

Próximas semanas serão movimentadas. Tem prova da USDAA nesse final de semana aqui na Flórida. Prova local, nada especial, mas já de olho nos Excelentes Zerados e qualificações para o Cynosports do ano que vem.

No meio de Novembro lá vamos nós para mais um campeonato nacional, será o US OPEN que acontecerá no Estado da Geórgia. Estado vizinho, 6 horas de casa. Nada tão distante. O US Open é um daqueles torneios gigantescos aqui na América. Ano passado foram mais de 700 cães em 4 pistas diferentes. Será nossa terceira participação. Ano passado tivemos uma participação espetacular, Jack Bauer terminou a classes 26 polegadas (65cm) no pódio em terceiro lugar e Brown na categoria 20 polegadas (50cm) foi vice-campeão. Terminar com os dois “dogs” no pódio em um campeonato nacional foi algo acima da média e sensacional. Porém não significa muito para o próximo torneio.
Serão 4 dias de provas!

Duas semanas depois do US Open, lá vamos nós atravessar alguns Estados rumo a Pennsylvania para as seletivas do Europeu 2017. O juiz será Tráj Tamás. Ano passado eram cerca de 150 cães lutando por cerca de 30 vagas no total.

Ainda temos mais uma prova da AKC no final do ano. A prova de fim de ano como eles chamam acontece entre os dias 26 e 31 de Dezembro encerrando o ano. E ainda estamos buscando mais algumas qualificações para ir as Seletivas do Mundial em Abril.


terça-feira, 25 de outubro de 2016

Abrindo o jogo!

Não sei o quão grande será esse texto, apenas decidi começar a escrever. Se um dia vou postar em algum lugar também não sei. Talvez fique no meu computador por um tempo.


Próximo aos 40 anos sinto-me feliz pelas decisões que tomei em minha vida. Algumas delas eu não tomei, apenas aconteceram. Porém eu mesmo fui responsável pelo meu futuro, escolhi o que escolhi. Poderia ter traçado um caminho diferente, lá atrás, 20 anos atrás e tocar o negócio do meu pai. Decidi que não, segui outra vida. Para sorte ou azar do meu irmão, essa função (benção ou maldição) ficou para ele.

Em 2007 minha vida no Agility começou, talvez para desespero do meu pai que sonhava em ver um filho doutor tratando de animais em um consultório, o agility me levou para outro caminho. Me formei e fui me especializar em comportamento canino.

Enfim, em 2008 nasceu a Cãopetição. Com certeza o mais bem sucedido projeto da minha vida. Em meio a um mercado onde ninguém conseguia fazer grana com agility, eu fiz. A escola cresceu, desenvolveu, iniciou dezenas de duplas, trouxe títulos e chegou a ser a segunda escola de Agility do país em numero de cães em pistas e resultados.

Mas foi em 2010 que aconteceu o “começo do fim”. Com a escola estável e cada vez mais duplas chegando, sucumbi a pressão psicológica do meu pai, que como sempre gostava de me azucrinar dizendo: “Você é um médico veterinário! Quando vai parar de brincar com cachorro e começar a trabalhar?”. E assim foi, e em 2010 inaugurou-se a Clínica Cãopetição, o começo do fim.

Sempre tive pessoas boas trabalhando para mim na Clinica, e com certeza se não fossem essas pessoas teríamos problemas maiores.

No primeiro ano, enquanto a escola de Agility crescia, a Clinica ainda em processo de estabilização sugava o rendimento da escola. Era tirar dinheiro da escola e botar na Clinica, essa era a rotina. Mas tudo bem, afinal era um novo negócio e é assim mesmo.

Mas meu erro foi não dar atenção necessária que todo novo negócio necessita. 80% do meu tempo eu estava na escola de Agility e a Clínica ficava por ela mesma. E é claro, essa era a receita para o fracasso.

2012, o ano negro

Chamo 2012 de um dos mais negros anos da minha vida. Sabe aquele ano que nada dá certo? Pois é. Esse foi meu 2012, o ano do fim do mundo. Alguém se lembra?
Final de 2011 eu estava financeiramente quebrado, tendo usado todas as pequenas reservas que tinha na possibilidade de uma recuperação da Clinica, que nunca aconteceu. Pela primeira vez tive meu nome envolvido em protestos e dívidas, algo novo para mim.
Mas o ano de 2012 começou com uma esperança, boba, porém uma esperança de alegria: O Américas & Caribe no Chile. Era o momento onde eu estava voando com Brown, vencendo provas no Grau 3, bem qualificado no Campeonato Brasileiro e esperando ansiosamente meu nome na lista do time, o que não aconteceu. Fiquei chateado, deprimido, mal. Pensei em não ir, mesmo perdendo a grana da passagem e hotel que já estavam pagos
Porém, lá me fui! Sendo colocado em um time no Open onde era parceiro de 3 outros cães de grau 2. Na verdade, eu fui o unico condutor de Grau 3 naquele A&C que competiu pelo Open com outros 3 cães de grau 2 no time. Nada contra meus companheiros de equipe (um deles é um grande amigo até hoje), mas achei que naquela época merecia estar em um time com outros condutores de Grau 3. Fracassamos no time.
Mas não no individual! Terminando em 5º no geral e recebendo congratulações de várias pessoas que inclusive sussuravam no meu ouvido: “Você deveria ter estado no time”, me fez me sentir um pouco melhor.
Três meses depois, lá me fui outra vez para uma prova internacional: o pequeno e novo OLA ou Open Latino Americano na Guatemala. Que mesmo sendo um torneio pequeno, fui com orgulho de representar o país, e venci. Mas nunca houve nenhum reconhecimento por parte da CBA, nem mesmo uma citação no site. Era isso, em 2012 (no ano negro) o Agility morreu pra mim.
Deixei de ir em provas, não tinha mais vontade. Acordar de manhã e me preparar para ir para uma prova que sempre foi algo bem bacana para mim, havia se tornado algo horrível.

A Clinica fechou no mesmo ano, comecei a ter problemas com alunos (que nunca havia acontecido antes). Discussões e grupinhos se formaram dentro da Cãopetição. Algo que eu sempre havia lutado contra com muito sucesso. Resultado do meu comportamento instável do momento, tudo culpa minha.

E a avalanche continuou. Lá se foi a namorada, e problemas de relacionamento com a familia surgiram. Quando menos percebi estava em depressão. E isso tudo aconteceu em um período inferior a 10 meses. Muita coisa pra processar em pouco tempo.

Em Agosto de 2012 vários pensamentos rondavam a minha cabeça sobre como eu iria sair daquela situação horrível. A terapia me ajudou demais e algumas decisões eu já havia tomado. Voltar a estudar no ano seguinte (2013) e passar a Cãopetição pra frente. Não fechar a escola, mas vendê-la. Acreditem ou não a venda da Cãopetição já estava praticamente fechada para uma pessoa que não vem ao caso agora mencionar e meus planos em fazer uma pós-graduação na Universidade Metodista em São Bernardo do Campo estavam caminhando bem. Mas em Setembro de 2012 a pessoa desistiu da compra da escola de Agility e novamente entrei no impasse sobre o que fazer com a escola. Honestamente eu não queria fecha-la, ainda tinha planos de continuar treinando, e na minha cabeça, virar apenas um competidor poderia me trazer de volta a motivação para ir em provas. Ter uma escola perto de casa iria ajudar nesse processo.
Mas foi aí que algo inesperado aconteceu.

Welcome, my friend

Novembro de 2012 e sobre intensas recomendações da minha terapeuta lá fui eu para uma viagem de férias, algo que não fazia a muito tempo. Desligar um pouco do mundo e recarregar as baterias. Acompanhado de minha mãe fomos a uma viagem a terra do Tio Sam, mais precisamente em Orlando na Flórida.

Se você nunca foi para Orlando, saiba que todos que vão têm um planejamento de dias. Um dia na Disney, um dia na Universal Studios, Sea World, compras e por aí vai. Existem os chamados dias livres onde podemos fazer o que quiser, ficar apenas na piscina do Hotel, andar pela cidade, etc. Adivinha o que eu fiz no meu dia livre? Fui em uma escola de Agility.

Visitar um centro de treinamento de cães na América foi como segurar um cabo de alto-tensão. Um choque que poderia me matar, porém que me deu super-poderes. Toda a paixão veio a tona. Mas não foi apenas visitar uma escola de Agility que me encantou nos Estados Unidos. Ver um país de primeiro mundo com trânsito organizado, mais segurança, ruas limpas e excepcionais escolas mexeu comigo.
Com os planos de fazer uma pós-graduação no ano seguinte e tendo eu passado por essa experiência em outro país, meu vôo de volta foi inteiro pensando sobre como seria tentar a vida na América. Um longo pensamento de 9 horas em minha mente.

Depois de algumas pesquisas, descobri que nenhuma Universidade me aceitaria se meu inglês não fosse fluente e com isso comecei a pesquisar Universidades em Orlando com programas de inglês para estrangeiros.
Em Dezembro de 2012, apenas três semanas após meu retorno de minha viagem de férias oficialmente enviei minha documentação para o Valencia College, uma faculdade em Orlando com programa de inglês para imigrantes e com redirecionamento para a Universidade.

Em Janeiro de 2013, na primeira semana do ano, recebi um email com minha carta de aceitação na Universidade.
Duas semanas depois, ainda em janeiro lá fui eu novamente voando para Orlando para fazer minha matrícula com as aulas começando em Abril. Mas o processo ainda não estava pronto, afinal ainda precisava da aprovação do visto pelo Consulado Americano em São Paulo.

Paralelo a isso tudo, a Cãopetição ainda funcionava. Eu havia deixado de ir em provas e ainda procurava por um comprador. A idéia não era de fechar a escola.

Foi na primeira semana de Fevereiro que eu fui até o Consulado Americano em São Paulo e obtive aprovação e visto carimbado. Estava realmente acontecendo. Com tudo aprovado, era hora. A mudança para os Estados Unidos aconteceria em Abril.

Uma noite triste

Em fevereiro de 2013 eu reuni todos os alunos da escola, sem excessão. Convidei a todos que comparecessem em uma noite para termos uma conversa. Foi uma noite muito difícil para mim quando anunciei o encerramento da escola. A Cãopetição estava fechando. Acho que fiz da maneira correta. Cara a cara, nada de emails ou algo por escrito, todos mereciam o respeito de ouvir direto da minha boca, frente a frente.

Dava para ver a tristeza na cara de todos mas como eu digo sempre amigos são amigos e a maioria massacrante veio me dar um abraço de boa sorte em minha nova empreitada. Acreditem, eu lembro de cada um até hoje. Eu juro.

A Cãopetição continuou com suas atividades até o último dia do mês de fevereiro de 2013 e depois se encerrou.

Em março de 2013 decidi realizar minha última prova de Agility antes da minha partida e fiz uma homenagem a escola que me iniciou: a DOG WORLD, competi sob os nomes e cores da escola que me fez com que eu me apaixonasse por esse esporte.

No dia 3 de Abril de 2013 eu desembarquei de mala e cuia (e cães) nos Estados Unidos, onde estou até hoje. E sim, existe uma possibilidade que eu retorne ao Brasil até o final de 2017 quando meus documentos expiram. Se a imigração vai permitir que eu fique ainda não sei mas viver ilegal aqui eu não vou. Nunca (NUNCA) fui um desses brasileiros que se mudam para outro país e massacram o Brasil em comentários. Pelo contrário, sempre falei que você não pode esquecer suas raízes e respeitar de onde veio. Se tiver que voltar, volto! E volto pro Agility.

Escrevi esse post porque...sei lá porque, apenas quis dividir minha história, meus sentimentos e dizer que sou grato pelos bons e maus momentos. A vida é uma jornada e não perca seu tempo com coisas imbecis. Se você sobreviveu a esse texto, de coração eu agradeço!


Meus cães ficando velhos

O tempo passa! É a realidade. Já dizia o mago Gandalf: “...decidir o que fazer com o tempo que nos é dado.


Vivo um momento completamente novo. Meu primeiro cão de Agility (Flecha), já aposentada está com 12 anos de idade. Nítido o quanto já sente a idade, minha velha senhora. Compito com Brown desde 2009 e com Jack Bauer desde 2011



Brown está perto da aposentadoria, já são 7 anos competindo com ele. Com Jack Bauer já são 5 anos de competições, e talvez mais dois anos competitivos com ele.

Quanto mais eu me aproximo dos 40, alguns pensamentos começam a assolar minha mente. Se eu tivesse aprendido algumas coisas antes, se eu soubesse o que eu sei hoje anos atrás. Enfim, realidade dolorida mas em 10 anos meus cães não estarão mais aqui, e eu próximo dos 50. Foda, né?


Han Solo the Dog
Investi em um novo cão esse ano. A chegada de Han Solo (hoje com 8 meses de idade, e já em treinamento) deu uma motivada nos meus planos. Mesmo assim, em 10 anos (se nada acontecer) seremos provavelmente apenas Han Solo e eu, e eu com quase 50 anos. Seria talvez o momento da minha aposentadoria como competidor e talvez focado 100% do meu tempo na arbitragem.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Road Trip: Agility na América é na estrada!

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Agility nos Estados Unidos é sinônimo de estrada...ou aeroporto. É sim perfeitamente possível competir dentro de seu Estado (dependendo do Estado em que você vive). Estados como Flórida, Califórnia, Texas, Illinois, e vários outros ofecerem provas locais o ano inteiro, mas se você quiser buscar por provas mais desafiadoras, campeonatos nacionais e seletivas para torneios internacionais vai ter que cair na estrada. No Brasil (pelo menos no meu tempo) o Agility sempre foi focado em São Paulo e para nós paulistas, viagem longa de Agility era de mais de 3 horas. Um sufoco! Tinha que se preocupar com Hotel, tralha, ou seja, era longe. Os chamados "estrangeiros", ou competidores de outros Estados, sempre foram tratados como heróis afinal dirigir 10, 12, 14, 16 horas para fazer agility é um ato de heroísmo. Estranho como pessoas de um Estado podem chamar pessoas de outros Estados de estrangeiros. Mesmo sendo eu um desses que sempre usou esse termo incansavelmente, hoje me causa uma certa estranheza. São heróis sim, mas são como nós. Acho que muitos paulistas sairiam para competir "fora" se as competições rodassem mais em outros Estados, ou talvez não, devido as estradas brasileiras horríveis e as inumeras dificuldades em se voar com um cão no Brasil. Então, espera aí! Sim, eles são heróis.  

Costumo dizer que aqui prova pertinho de casa é pelo menos 1 hora e meia de viagem.
13 Estados em 4 anos
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Veja o mapa ao lado, um pequeno exemplo de como eu viajei nos últimos anos. Foram, 13 Estados em pouco menos de 4 anos. É claro que, estando eu na Flórida, normal eu ter “desbravado” muito mais a Costa Leste, tendo visitado a Califórnia uma vez para uma Seletivas e o Texas para um torneio Regional da USDAA.



Existem algumas particularidades com alguns torneios. As Seletivas para o mundial normalmente acontecem na Costa Oeste, geralmente na Califórnia devido a comissão técnica estar daquele outro lado, já as seletivas para o Europeu normalmente acontecem na Costa Leste pela mesmo razão.

Torneios nacionais costumam migrar costa a costa. O Cynosports 2015 foi realizado no Estado do Tennessee (em que eu estive presente), esse ano volta para a costa Oeste no Estado do Arizona (que eu não vou, falarei mais sobre em outro post).

A UKI vem mantendo o seu nacional, o US OPEN, pela costa leste, sendo realizado em 2014 na Carolina do Norte, 2015 na Geórgia e novamente esse ano mês que vem na Geórgia (que eu estarei presente). Em 2017 a UKI já anunciou que o US OPEN será na Flórida, na cidade de Jacksonville, o que é uma notícia espetacular para nós, moradores da Flórida.

A AKC assinou contrato com a cidade de Orlando para realizar o Invitational por 4 anos consecutivos aqui vizinho de casa, e assim foi feito nos anos de 2013, 2014, 2015 e 2016. Ano que vem o Invitational volta a costa Oeste. Estive nesse torneio por duas vezes, em 2013 e 2014.

De qualquer forma, viajar pelos Estados Unidos é uma experiência sensacional. Com estradas bem sinalizadas e bem projetadas dirigir por horas e as vezes dias é extremamente prazeroso. E se você precisa voar, embarcar com cães dentro do país é super tranquilo, muitas vezes o cão vai com você dentro da cabine, como já aconteceu comigo duas vezes quando viajei com meu Border Collie, trazendo-o comigo nos meus pés.
Viagem a Pennsylvania (1600km)
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Mês que vem estamos embarcando para o US OPEN, na Geórgia. Nada de mais, Estado vizinho, “apenas” 6 horas de viagem. Nada comparado a duas semanas depois que vamos a Pennsylvania para as Seletivas do Europeu. Ano passado voei e foram 4 boas horas de voo, dessa vez decidi dirigir e serão 997 milhas, ou 1600 quilômetros, aproximadamente 15 horas de estrada.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Múltiplas Federações: bom ou ruim?

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Múltiplas federações. Poucos países oferecem isso aos competidores. Ter várias federações em um esporte não tão popular pode ser, algumas vezes, um tiro no próprio pé. Veja esportes mais populares como Futebol e Basquete quantas Federações existem? Uma, e apenas uma. Mas oferecer múltiplas federações dentro de um esporte pode trazer benefícios. Afinal, bom ou ruim?


O lado bom

A primeira grande vantagem quando se existe múltiplas federações em um determinado esporte é a quebra do monopólio. Será que veríamos as mesmas sacanagens no Futebol se houvesse uma outra Federação que não fosse a CBF? Ou mesmo a FIFA?

Pensando sobre isso, chegamos a uma segunda vantagem: a concorrência. Concorrer por clientes leva empresas a oferecer serviços melhores e mais baratos. E isso acaba acontecendo com federações esportivas também, que não apenas têm com objetivo oferecer torneios melhores mas também aumentar seu rendimento, trazendo mais clientes. E aqui nos Estados Unidos (talvez o país mais capitalista do mundo), as federações precisam ser criativas e criar meios para atrair os seus competidores/clientes.

A consequência disso acaba sendo um calendário mais cheio, com mais opções, diferentes classes oferecidas e mais oportunidades para qualquer pessoa se achar no meio do esporte.

O lado ruim

Mas, essa concorrência dentro do esporte pode levar a problemas também. O primeiro é a divisão dos competidores que acabam rachando e muitas vezes abandonando uma federação. Se essa situação ocorre em um país com muitos competidores o problema não é tao complicado. Mas, em um país com poucos competidores, essa divisão pode levar a provas com poucos competidores e não economicamente viáveis, culminando talvez no fechamento de uma federação.

Outro problema que vejo acontecendo aqui nos Estados Unidos, é que o país acaba por muitas vezes não levando sua força máxima para torneios internacionais importantes. Eu citei em um post anterior como os Estados Unidos venceram quase tudo no WAO esse ano com duplas que certamente poderiam ajudar o país no Mundial. Porém, como esses condutores não gostam de competir pela AKC acabam abrindo mão e deletando de suas vidas o campeonato mundial.

De qualquer forma, sendo bom ou ruim, a permissão de um país para a criação de múltiplas federações deve ser analisada com cuidado. Por um lado, o esporte (qualquer esporte) não é propriedade de ninguém ou de nenhuma federação, e deve ser aberto a novos participantes a possibilidade de fazer parte daquele mundo. Porém, as federações têm sim um papel importante no controle e disseminação do mesmo. Equação difícl, afinal agradar é todos é “um pouco” complicado.



terça-feira, 18 de outubro de 2016

Calendário de Agility: como funciona nos Estados Unidos?


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Ah… o calendário! Sempre foi (pelo tempo em que eu morei no Brasil) motivo de discórdia e reclamações. Agradar a todos nunca será possível, sempre alguém vai reclamar, não tem  jeito. Aqui nos Estados Unidos não é diferente. 

No Brasil talvez pela pouca quantidade de provas, perder uma prova pode significar ficar 2 ou 3 meses sem competir, por essa razão existe a frustração por parte de alguns quando a data não é ideal.

Mas como funciona nos Estados Unidos? O primeiro é preciso entender que o “sistema” do Agility por aqui é diferente. Não existem torneios por pontos. Não existe um campeonato nacional ou estadual com 3, 4 ou 10 etapas. Aqui, o agility vive o ano inteiro das provas locais que são únicas. Quem ganhou, ganhou! Nada de pontos para ver quem é o campeão após “x” etapas. Anualmente, são disputados campeonatos nacionais em 4 ou 5 dias (um evento gigante) ou regionais em 3 ou 4 dias como já expliquei anteriormente dividido por regiões: Norte, Sul, Sudeste, Sudoeste, Nordeste, Noroeste.

As duplas competem o ano inteiro pelas provas locais juntando seus Excelentes Zerados e seus “byes” (qualificações para semi-finais em torneios nacionais), com o objetivo único de se preparar para os Nacionais. É uma cultura diferente.

Algumas pessoas podem imaginar que competir não por pontos pode ser algo chato e sem motivação. Afinal, qual é a motivação em competir “por nada”? Mas esse “por nada” (entre aspas mesmo) é onde as pessoas se enganam. Não havendo pontos te dá mais liberdade para escolher as provas em que vai participar, não ficando amarrado a nenhum torneio ou federação e ficando muito mais fácil de preparar seu calendário (as provas em que vai participar). Perder um ou outro torneio por problemas pessoais ou profissionais não afeta em nada seus planos para os torneios maiores, afinal, existem outras provas pipocando no calendário o ano todo.

O calendário de Agility nos Estados Unidos é um show imenso de oportunidades. Provas das 3 Federações que hoje controlam o Agility na América (AKC, USDAA e UKI), estão disponíveis o ano todo. Praticamente, existem provas todos os finais de semana. Pelo menos uma prova por mês de cada federação está disponível em seu Estado, ou seja, se naquele mês você não pode fazer uma prova da USDAA naquele final de semana, provavelmente pode ir no final de semana seguinte a uma prova da UKI ou AKC. Na verdade, é preciso um certo controle financeiro por parte da cada um para não ir à falência competindo todos os finais de semana.

Enviando sua inscrição
Exemplo de PREMIUM da AKC
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Uma das coisas mais sensacionais nas provas por aqui, é a existência do chamado PREMIUM, que nada mais é que um edital publicado no site das federações (que você pode imprimir) com todas as informações sobre a prova. O PREMIUM em média tem entre 7 e 12 páginas, e lá você pode encontrar absolutamente tudo sobre aquela prova em questão. Algumas informações como: local e hora da prova, juizes, ordem das classes, hoteis ao redor, pessoas responsáveis com email e telefone, como se chegar ao endereço, valor das inscrições, ficha de inscrição e muitas outras informações estão no Premium. Esse documento é obrigatório para todas as provas oficiais.

Todas as Federações já oferecem inscrições on-line, sendo a UKI a única que aceita apenas esse tipo de inscrição. AKC e USDAA mesmo oferecendo inscrições on-line, ainda recebem a maioria das inscrições via correio, com os condutores enviando um cheque com a ficha de inscrição preenchida. E antes de você pensar: “Ficha de inscriçao por correio? Com um cheque?” Lembre-se que aqui 95% das pessoas honram seus cheques e os serviços dos correios é um dos mais confiáveis do planeta. Eu mesmo, nunca tive nenhum problema.

Os PREMIUMS são publicados no mínimo 2 meses antes da prova, muitos deles já estão disponíveis 3 ou 4 meses antes, dando tempo de sobra para os condutores prepararem seus calendários. USDAA e UKI aceitam inscrições até 15 dias antes da prova, mas a AKC aceita inscrições no mínimo 30 dias antes.

Lembrando que os clubes e não as Federações são responsáveis pelas provas. Obstáculos, local, pessoal de trabalho e organização do local é tudo de responsabilidade dos clubes que ficam com a massiva parte do dinheiro das inscrições. Apenas um pequeno percentual vai as Federações. 

Por outro lado, as Federações são 100% responsáveis pelos torneios anuais mais importantes, os Nacionais e os Regionais. Responsáveis pelo local, pessoal, juizes, organização completa, ficando 100% com os lucros da prova.

Valores das provas

Diferente do Brasil, os condutores pagam por perna. Em média entre 11 e 15 dólares por perna dependendo do clube ou da importância do certame. Ou seja, você pode ir para participar apenas de jumpings, ou Agilitys, ou games, ou qualquer pista que quiser pagando individualmente por cada uma.

Não existem anuidades. Na verdade, cada condutor paga apenas uma taxa inicial para se registrar na Federação (em média 25 dólares), depois disso nada mais é pago.


Em breve vou escrever um post sobre viver em um país com múltiplas federações de Agility. Bom ou ruim? Quais são as vantagens e desvantagens?

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Classes de Agility (parte 4): STEEPLECHASE e SPEEDSTAKES

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Os nomes são complicados! Steeplechase (em português algo como “Corrida de Obstáculos”) e Speedstakes (não há uma tradução, mas seria algo como “Velocidade em risco”) são as provas de velocidade no Agility americano.

Steeplechase (USDAA)

Trata-se da prova de velocidade da USDAA. É composta por duas pistas, o round 1 e o round 2. Nessa prova as pistas precisam imprimir velocidade aos competidores. Não há restrições para exercícios mas o juiz não pode criar nada travado portanto muitas vezes “out’s” são evitados. O objetivo é colocar cão e condutor em situações desafiadoras porém em alta velocidade.

Figura 1: Steeplechase Round 2
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Alguns regras interessantes: Não é permitido o uso de passarela ou gangorra. É obrigatório que em uma das pistas o juiz use duas vezes o slalon e na outra o juiz use duas vezes a Rampa A. O próprio juiz determinará se irá faze-lo no Round 1 ou no Round 2.  VEJA FIGURA 1



O Round 1 (ou primeira pista) é aberto a todos. Não há refugos e cada falta soma 5 segundos no tempo final. Em cima do tempo do primeiro colocado é colocado 10%. Quem ficar fora desse corte não compete no Round 2. Exemplo, se o primeiro colocado fechar a pista em 25 segundos, todos que ficarem acima de 27.5 segundos não competem no Round 2.



Figura 2: Cynosports Premio de 10 mil dólares
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O vencedor do Round 2 recebe um prêmio em dinheiro. Em provas locais esse dinheiro não é muito, e por vezes paga a sua inscrição da prova. Mas em provas grandes esse valor pode ser alto. No Cynosports existe um premio de 10 mil dólares divididos entre os primeiros colocados.
VEJA FIGURA 2
Vídeo Steeplechase abaixo



Speedstakes (UKI)

Trata-se da prova de velocidade de UKI. Assim como no Steeplechase as pistas precisam imprimir velocidade aos competidores. Não há restrições para os exercícios mas o juiz também não pode criar pistas muito travadas.

Figura 3: Speedstakes
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Existem algumas diferenças nas regras do Speedstakes quando comparado com o Steeplechase da USDAA. Aqui não é permitido nenhum contato ou slalom. As pistas basicamente são compostas por saltos e tuneis VEJA FIGURA 3. Em provas locais trata-se apenas de uma pista com resultados simples e a UKI não premia em dinheiro (apenas no Master Series que vou falar em outro post).



No US Open, o torneio nacional da UKI são duas pistas com resultados combinados e todos correm nas duas pistas não havendo tempo de corte. A melhor dupla no resultado combinado é o Campeão Nacional do Speedstakes.
Vídeo Speedstakes abaixo


Vídeo: USDAA Steeplechase (Winter Park, Florida)
Abaixo tem um link para o video!
https://www.youtube.com/watch?v=TSgCB5qR1Uk


Vídeo: UKI Speedstakes (Arcadia, Florida)
Abaixo tem um link para o video!
https://www.youtube.com/watch?v=elizQCcrMz0



quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Me pegou de surpresa! Julgando o Regional de UKI!


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Ontem mesmo publiquei um post de minha alegria ao saber da criação dos campeonatos Regionais da UKI, com o primeiro regional sendo na Flórida. A primeira UKI CUP da história.

E olha como a vida é engraçada, ontem a noite recebi um convite oficial por parte da UKI e da coordenadora da prova para ser o juiz oficial do Regional em Janeiro. Quase nem acreditei! Venho julgando para a UKI a pouco mais de um ano e minhas avaliações têm sido muito positivas. É claro que, algumas pessoas sempre reclamam dizendo que  minhas pistas são muito difíceis e complexas, mas tenho um alto índice de positividade em minhas avaliações como juiz. Já julguei em 4 Estados diferentes e agora parto para meu maior desafio: julgar um torneio Regional.

Por um lado fico triste por não estar competindo nesse tão importante torneio, mas por outro fico extremamente feliz e me sentindo recompensado pelo trabalho que venho relizando.

Conversando com a coordenadora da UKI, em um determinado momento da conversa surgiu até o papo de possivelmente julgar o US OPEN no futuro. Já pensou? Julgar um dos torneios nacionais mais importantes do país? Calma! Calma! Concentração agora para o julgamento da UKI CUP em janeiro!


terça-feira, 11 de outubro de 2016

Classes de Agility (parte 3): PAIRS e RELAY

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Simples, divertido e fácil de entender as provas de Relay são as conhecidas provas de revezamento de agility.

Essas classes são oferecidas apenas pela USDAA e podem contar com times compostos por 2 ou 3 condutores.

Pairs
O Pairs (ou pares em português) é um prova disputada com duas duplas na mesma pista, sendo que cada dupla corre em metade do percurso. O condutor tem que correr segurando um bastão que precisa ser passado ao segundo condutor ao final da sua parte da pista. O cronômetro não pára e por essa razão a troca do bastão precisa ser rápida evitando perder tempo. Além disso, o condutor precisa entregar o bastão em mãos, não é permitido arremessá-lo ao outro condutor. E se o bastão cair a dupla é eliminada.

A parte bacana desse game é que não é necessário cães parceiros saltando a mesma altura. É permitido times mistos com cães saltando alturas diferentes, pois os saltos serão ajustados à altura de cada cão em cada metade da pista.

Team Relay
A única diferença do Pairs para o Relay é que no Relay o revezamento é com 3 duplas. Todas as regras são as mesmas do Pairs. Porém, dois cães no time precisam saltar a mesma altura e o outro pode saltar uma altura diferente.

Veja figura 1
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No exemplo ao lado o cão de altura diferente faz a pista com os circulos brancos, terminando no obstaculo 10 dentro da Exchange Area (Área de troca do bastão). Os outros dois cães (de mesma altura) fazem a pista com os círculos pretos terminando no obstaculo 10 (preto).


Abaixo um vídeo de um Relay onde participei com meus dois cães. Eu estou conduzindo Jack Bauer e uma amiga está conduzindo Brown (meu outro Border Collie). O terceiro cão é um Koiker correndo em uma altura diferente.



Vídeo: USDAA Regional Sudeste (Perry, Gergia)
Abaixo tem um link para o video!
https://www.youtube.com/watch?v=wI7Z8Cwv0pI


Novidades: UKI anuncia criação de torneios Regionais

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A notícia que movimentou o Agility na América esses últimos dois dias foi o anúncio da criação da UKI Cup, ou dos Regionais da UKI.


Como falei anteriormente, a USDAA foi a pioneira na criação dos Regionais. Hoje contando com 6 deles (Sudeste, Nordeste, Norte, Sul, Noroeste e Sudoeste), acontecem anualmente e premiam os melhores de cada região, dando ainda qualificação para as semi-finais do Cynosports.

Mas a Federação que mais cresce hoje na América não poderia ficar de fora e anunciou a criação de seus próprios campeonatos Regionais. Nomeado UKI CUP, os regionais oferecerão as mesmas classes do US Open (o campeonato nacional da UKI), dando classificação direto as semi-finais do US Open.

Uma das coisas que mais chamou a atenção é que esses regionais (ou Cups) darão pontos que os competidores poderão usar nas Seletivas para  WAO.

Por enquanto foram anunciados 4 Cups/Regionais, começando pelo Sudeste com sede na Flórida!  O que é sensacional para nós moradores da Flórida que teremos a honra de sediar o primeiro Regional.  Esse regional acontecerá em Janeiro de 2017. Os outros 3 serão respectivamente: Regional Leste na Pennsylvania em Julho, Regional Sudoeste no Texas em Setembro e Regional Oeste na Califórnia (ainda sem data).


Enfim, agora é só esperar para estrear o primeiro UKI CUP em Janeiro aqui na Flórida. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

UKI: a mais nova e bem sucedida Federação de Agility na América


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UKI, a mais nova federação de Agility dos Estados Unidos, começou bem tímida no ano de 2010. Sua origem está na Inglaterra quando a UK Agility (United Kingdom Agility) foi fundada em 2004 por Greg and Laura Derret, dois veteranos no Agility Europeu. Greg, esteve recentemente no último campeonato mundial de Agility, representando a Inglaterra.

Em 2010, enquanto condutores de ponta dos Estados Unidos e Canadá “gritavam desesperadamente” por provas mais desafiadoras e muitos protestos contra a AKC rondavam a internet (já expliquei no meu post sobre a AKC como alguns condutores de ponta não aceitam as pistas abertas da AKC), Greg e Laura inteligentemente viram a possibilidade de trazer a America do Norte um Agility mais parecido com o que se é praticado na Europa.

Mas como cair no gosto dos americanos? E como entrar em um país onde AKC e USDAA já dividiam as atenções de todos os competidores? A tacada de mestre foi criar uma federação que ofereceria aquilo que os americanos mais amam (as mesmas diferenças de alturas, o mesmo leque gigantesco de classes, os games), porém com as pistas e regras mais parecidas com a FCI.

Foram trazidos os games da USDAA como Snooker e Gamblers, e criadas categorias como Speedstakes (prova de velocidade), o Master Series (provas com resultados combinados que premiam em dinheiro), além das classes regulares (Iniciantes, e os respectivos Grau 1, 2 e 3).

A UKI deu a oportunidade para condutores treinarem seus cães em pista, por um tempo pré-determinado, o que atraiu mais participantes.

Juízes foram trazidos da Europa, outros foram treinados nos Estados Unidos e Canadá. A América do Norte importou o Muro (obstáculo que não existia por aqui). Uma liga foi criada e as primeiras pessoas que se viraram e abraçaram a idéia foram os condutores que se preparavam para competir na Europa. Aos poucos outros condutores foram chegando.   

US OPEN 2015
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A UKI Estados Unidos ganhou uma força monstruosa entre os anos de 2013 e 2014. Um campeonato nacional foi criado, o sensacional US Open, que se tornou um dos torneios nacionais mais importantes do país. Para se ter uma idéia, no US Open de 2014 foram 400 cães (número pequeno para um campeonato nacional nos Estados Unidos), mas em 2015 esse número quase dobrou chegando a 700 cães. No US Open de 2016 que acontece agora em novembro a previsão é que o número de inscritos chegue perto de 1000 cães, se tornando oficialmente o segundo maior campeonato nacional do país, atrás apenas do Cynosports. E alguns dizem que isso é por enquanto.
WAO (World Agility Open)


A UKI ficou responsável pelo time americano que vai ao WAO, um campeonato que ao exemplo do Américas & Caribe não existia nenhuma Federação nos Estados Unidos que era responsável. (Falo mais sobre o Américas & Caribe na América em outro post). Depois disso os Estados Unidos se tornaram uma das potências nesse torneio, culminando em 2016 com duas medalhas de Ouro. Seria culpa da UKI? Seria devido aos condutores estarem competindo todos os meses em pistas nesse estilo? Será que se a AKC mudasse o estilo de suas pistas os Estados Unidos se tornariam também potência e favoritos no Mundial e no Europeu? Esse é o questionamento de muitos por aqui.

Enfim, eu tenho um carinho especial pela UKI. Talvez por ter sido nascido e criado em pistas FCI, me sinto mais em casa competindo pela UKI. Além disso foi aqui que me tornei árbitro de Agility, e onde consegui ser respeitado como tal. A UKI, chegou na América e provou que com boa organização, planejamento e força de vontade é possível chegar longe.




quinta-feira, 6 de outubro de 2016

USDAA: a mais completa!


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A USDAA ou United States Dog Agility Association é uma das mais influentes federações de Agility dos Estados Unidos. Nascida em 1985 da fusão com a extinta UKC, a entidade especializada apenas em Agility desenvolveu o esporte de forma exponencial no país. Criou classes com pistas desafiadoras, provas de velocidades, games, provas por equipes e o maior torneio nacional do país: o Cynosports. A USDAA é tão importante que se expandiu para alguns países da Europa como Holanda, além de toda América Central.

Me lembro da primeira vez que estive presente em uma prova da USDAA e quase surtei. As provas locais contam sempre com duas pistas simultâneas e a quantidade de classes é incrível, tornando a entidade uma das mais populares.

As classes
Não vou explicar em detalhes todas as classes abaixo, apenas citá-las. Estou escrevendo uma série de posts chamada Classes de Agility onde vou explicar cada uma delas. Já escrevi dois deles: Gamblers e Snooker.

A USDAA oferece as chamadas classes regulares: Starters (Iniciantes), Advanced (Grau 1) e Master (Grau 2). Não existe Grau 3. Para se subir de grau é necessário 3 Excelentes zerados em cada classe, porém as classes são independentes, ou seja, você pode subir de grau no jumping mas não no Agility, ou vice-versa. É bem comum pessoas com o mesmo cão disputando classes diferentes em graus diferentes.

Mas não pára por aí. Existem outros dois grandes grupos com diferentes classes: Tournaments and Games

Games
Gamblers, Snooker, Pairs (prova de revezamento com dois cães na pista) e Team Relay (Equipes com 3 cães)
Tournaments
Steeplechase (prova de velocidade), Grand Prix (pista híbrida entre Agility e jumping), Master Challenge (pistas travadas e desafiadoras)

Para que vocês tenham idéia, abaixo um exemplo de ordem de pistas em uma prova local realizada em 3 dias.

Sexta
Pista 1                                                            Pista 2
Team Jumping                                               Gamblers Starters/Advanced
Team Snooker                                                Agility Starters/Advanced
Team Gamblers                                             Pairs Starters/Advanced
Team Agility                                                  Snooker Starters/Advanced
Team Relay                                                   Jumping Starters/Advanced

Sabado
Pista 1                                                             Pista 2
Jumping Master                                              Jumping Starters/Advanced
Master Challenge Jumping                            Steeplechase Round 1
Snooker Master                                              Snooker Starters/Advanced
Gamblers Master                                           Agility Starters/Advanced
Agility Master                                                Pairs Starters/Advanced
Grand Prix

Domingo
Pista 1                                                         Pista 2
Pairs Master                                               Steeplechase Round 2
Agility Master                                             Gamblers Starters/Advanced
Master Challenge Agility                            Agility Starters/Advanced
Jumping Master                                          Jumping Starters/Advanced

O condutor é livre para competir em quantas classes quiser e o pagamento é por pista. Dá pra se ter uma idéia de quantas opções cada um tem. Além disso, na USDAA é comum condutores fazerem no mínimo 3 pistas por dia. Muitos chegam a 5 ou 6 pistas por dia.

Regionais e Cynosports
Cynosports 2015 (Murfreesboro - Tennessee)
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Uma vez por ano acontecem os torneios Regionais que são divididos por regiões, assim como  o próprio nome diz. Sul, Norte, Sudeste, Nordeste, Sudoeste e Noroeste. Na Flórida competimos no Regional Sudeste que acontece todos os anos em Junho na cidade de Perry, Estado da Geórgia. Para se qualificar aos Regionais é necessário uma combinação de Excelentes Zerados em classes diferentes em provas locais. Os vencedores dos Regionais ganham qualificações para ir direto as semi-finais do Cynosports.

O Cynosports é o torneio nacional da USDAA e acontece uma vez ao ano entre os meses de Outubro e Novembro, cada ano em um Estado diferente rotacionando entre a costa leste e a costa oeste do país. É o maior torneio dos Estados Unidos. Em 2015 foi realizado na cidade de Murfreesboro no Estado do Tennessee e reuniu 1200 cães disputando provas em 5 pistas simultâneas. Para se classificar para o Cynosports é necessário uma sequencia de Excelentes Zerados em provas locais. Não é necessário disputar um Regional para ir ao Cynosports, porém como dito anteriormente, os vencedores dos Regionais conseguem qualificação direta as semi-finais no Cynosports, não precisando passar pelas quartas-de-final.

Torneios Internacionais
A USDAA é responsável pelo time dos Estados Unidos que disputa o IFCS World Agility Championship, torneio nada conhecido pelos brasileiros que acontece pelo mundo uma vez ao ano. Em 2017 acontecerá na cidade de Valência, na Espanha.



Enfim, com tudo isso podemos dizer que a USDAA é uma das mais completas entidades de Agility do planeta. Sua diversidade de classes, oferece muitas opções a todos os tipos de cães e condutores.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Classes de Agility (parte 2): SNOOKER


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Um dos games mais populares no Agility Americano é o famoso SNOOKER. Mesmo não sendo um competidor muito ligado a games aqui na América, confesso que o Snooker é o meu predileto. É o mais técnico, mais emocionante, mais complexo e mais difícel de explicar game no Agility americano.

Nesse post eu vou tentar ser o mais didático possível, usando mapas e vídeos. Mas para se entender e estar pronto para competir no Snooker é necessário algum tempo assistindo a outros condutores e muito treino. Demorou para eu pegar o jeito, mas depois, como eu mencionei, peguei o gosto pela coisa.

O SNOOKER é oferecido por duas federações, a USDAA e a UKI. Pequenos detalhes nas regras mudam, mas o conceito geral é o mesmo. Basicamente você precisa fazer um percurso em uma determinada ordem tentando escapar das armadilhas preparadas pelo juiz. O juiz por sua vez vai tentar te “esnucar” de qualquer modo, o forçando a ir por entre outros obstáculos sem ser eliminado.

A exemplo do Gamblers, no snooker também existem duas partes: a abertura e o fechamento.  Os obstaculos sao colocados aleatoriamente. Basicamente existem 3 ou 4 saltos vermelhos e outros obstáculos enumerados apenas de 2 a 7. Veja a foto (explicação completa abaixo). Não é mandatório ao juiz usar nenhum obstáculo específico. Ele pode usar quantas zonas quiser, ou não usar zona, pode usar slalom, tuneis, ou não, e por aí vai. Tudo a escolha dele.

Opening (abertura)
Como eu disse anteriormente o juiz pode usar 3 ou 4 saltos na cor vermelha (não numerados). Na abertura o condutor precisa caçar os saltos vermelhos com um outro obstáculo qualquer entre eles. VERMELHO + OBSTÁCULO + VERMELHO + OBSTÁCULO + VERMELHO + OBSTÁCULO. (Isso no caso de 3 vermelhos, se houver 4 vermelhos soma-se mais uma sequência acima). Cada vermelho vale 1 ponto e cada obstáculo entre os vermelhos vale uma quantidade de pontos específica previamente numerada pelo juiz. Lembra dos numeros 2 a 7 que eu citei acima? O máximo de pontos que um condutor consegue nessa abertura são 24 pontos se o condutor usar o obstáculo que vale 7 pontos entre os vermelhos: 1+7+1+7+1+7 (Vermelho + obstáculo que vale 7 + vermelho + obstáculo que vale 7 + vermelho + obstaculo que vale 7). Mas nem sempre isso é possível porque como eu mencionei acima o juiz vai tentar te esnucar colocando os vermelhos longe um do outro e muitas vezes tornando o acesso 3 vezes ao obstáculo que vale 7 pontos muito dificil. Lembrando que há um tempo e você precisa realizar essas manobras antes da buzina. Por isso, é necessário pensar em sua estratégia previamente, levando em consideração tempo e quantidade de pontos. Muitas vezes uma boa abertura pode ser 1+7+1+5+1+6. Pois os obstáculos 5 e 6 estão mais próximos. Ou mesmo usando obstáculos que valem menos pontos devido ao tempo apertado para se fazer a sequencia, ou se seu cão não é tão rápido. Outro fator importante é que o juiz pode usar sequencias com letras para cada obstáculos, ou seja, 7 pontos pode ser uma sequencia A-B-C entre salto+slalon+salto, o que toma muito tempo. Tentar fazer essa sequencia 3 vezes depois de cada vermelho pra conseguir 3 vezes 7 pontos pode não ser possivel pelo tempo. Não é permitido repetir o mesmo salto vermelho!

Analisando o percurso ao lado!
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Observe o percurso ao lado. Existem 4 vermelhos, porém a legenda diz: “COMPLETE 3 OF 4 RED JUMPS”, ou seja, você não precisa fazer os 4 vermelhos, apenas 3 deles (um critério do juiz) . A sequência que vale 7 pontos é composta por dois obstaculos: slalom+tunel. Existem dois vermelhos proximos, porém os outros dois vermelhos estão do outro lado da pista. O salto com a letra “S” indica START. Ou seja, todos precisam começar por ele.
Nesse exemplo uma boa estratégia seria começar com um vermelho próximo da largada, correndo a sequencia que vale 6 pontos (tunel + salto), buscando o vermelho do outro lado da pista seguido pela sequencia 7 (Slalon + tunel), voltando ao terceiro vermelho e repetindo a sequencia 7 (slalon + tunel). Ou seja: 1+6+1+7+1+7


Closing (fechamento)
Depois de fazer a sequencia de abertura, o condutor precisa fechar o percurso realizando a sequencia de seis obstáculos enumerados de 2 a 7. Sem muito segredo nessa parte. Finalizando a pista no salto com a letra F, ou seja, FINISH.

Na abertura, se o condutor repetir os saltos vermelhos sem nenhum outro obstaculo entre eles será eliminado. Não há refugos. Se o condutor cometer uma falta terá uma pontuação zero naquele obstaculo. Por exemplo na abertura: 1+0+1+5+1+0.
Se o tempo estourar durante o percurso, o condutor leva apenas os pontos que ele conseguiu até aquele ponto da pista.

O Snooker é um game difícil. Requer experiência e prática. Os percursos precisam ser liberados ao público no mínimo 30 minutos antes do reconhecimento para que os condutores pensem em suas estratégias. De qualquer forma, é um Game emocionante e como disse anteriormente, meu predileto.

No vídeo abaixo, eu conduzindo Jack Bauer no Regional Sudeste da USDAA no Estado da Geórgia. Foi um dia bem bacana para mim porque nessa época (2014) eu não tinha muita experiência com games mas com ajuda de amigos realizei uma grande estratégia e venci a prova. Primeiro lugar no Regional. Esse Snooker continha 4 saltos vermelhos obrigatórios.


Vídeo: USDAA Regional Sudeste (Perry, Gergia)
Se o vídeo não abrir, clique no link e você poderá ver o vídeo no Youtube!
https://www.youtube.com/watch?v=7WkW3NKgSzE